quinta-feira, 26 de junho de 2008

Dia 8 - Cracóvia

Se ontem fomos dormir com chuva, hoje o sol reapareceu, com uma impiedade incomum para esta época e local. Fizemos a visita pelo centro antigo da cidade, que se divide na Stare Miasto (a cidade antiga, onde fica a praça do mercado, maior praça medieval conservada na Europa) e o Complexo Wawel (onde se localiza a antiga morada dos Reis poloneses, a Catedral Wawel, onde estao depositados os restos mortais das familias reais e local de coroamento dos reis polacos).
A cidade de Cracóvia respira o catolicismo, seja pela veneração ao papa JP II, seja pelo respeito que os poloneses tem pela religião que manteve, clandestinamente, a cultura e lingua deste povo, quando sob o domínio de outras nações. Até a IGM, a Polônia simplesmente não existia no mapa, e vivia dominada pelos alemães, russos e austríacos. Entre 1865 e 1918 não se podia, em absoluto, falar polonês e nem cultivar sua cultura. E foi aí que a Igreja Católica teve papel crucial, promovendo aulas de polonês para as crianças, aulas de tradições e cultura, tudo de forma muito clandestina, para que não se apagasse das memórias o sentimento de comunidade polonesa.

Mas foi na IIGM que a Polônia vivenciou a maior destruição de sua história. Esta guerra não só começou como terminou aqui, deixando um país completamente devastado e que hoje ainda mantém o simbolo mais terrível deste episódio mundial: os campos de concentração de Auschwitz-Birkenau.

A Alemanha de Hitler, para dar continuidade aos intentos expansionistas, invade a Polônia em 1.o de setembro de 1939, chegando, através da estratégia Blitzkrieg em 7 dias a Varsóvia, com um exercito infinitamente mais poderoso do que o polaco. A resistência polonesa tentou bravamente combater ao ataque, mas foi completamente anulada. O campo de concentração de Auschwitz foi primeiramente previsto para receber os intelectuais e a resistência poloneses (que nao haviam sido assassinados) que poderiam atrapalhar a marcha alemã.

Além da invasão alemã, a Rússia foi outra nação que tomou conta do territorio polaco. Apesar do pacto Molotov-Ribbentrop, de nao agressao, assinado por Hitler e Stalin, o verdadeiro acordo entre os dois paises era a cisão da Polônia em duas partes, cada uma ficando com uma parte.

Apunhalada duplamente, a Polônia não teve chances ao ataque, restando, ao final de 1945, um país desmantelado, destruído e com um saldo de 6 milhões de mortos, entre judeus e católicos, civis e militares. A capital, Varsóvia, foi completamente devastada, o que, felizmente, nao ocorreu com a antiga capital, Cracóvia. O objetivo alemao na Polônia era claro: não eram somente os judeus que deveriam ser exterminados, mas toda a nação. Era fundamental para a conquista do país que a sua identidade fosse apagada.

Em 1945, com a retirada dos alemães da Polônia, começa o domínio stalinista, que perdurou por mais de 40 anos. Neste período a capital Varsóvia foi totalmente reconstruida, com trabalho voluntário de seu próprio povo, contando com o quase inexistente auxilio dos países do Pacto que leva o seu nome.

Enfim, depois de anos de domínio, guerras, destruição, perseguição, etc. etc., a Polônia torna-se nação independente, e abandona o regime comunista com a queda da URSS. Adotou a economia de mercado na década de 1990, tornando-se membro da OTAN em 1999 e da UE em 2004.

O sentimento de orgulho deste povo é notável, assim como a mágoa que eles possuem das nações opressoras. Vivenciar a historia polaca é adquirir respeito por este povo que lutou de todas as formas para conseguir manter viva a sua força nacional.

Hoje o dia foi de aula de história mesmo, um dos mais interessantes e impressionantes da viagem. Não fomos a visita de Auschwitz, pois o ritmo era violento e meus velhinhos não estão preparados para 6km de caminhada...! Ano passado estive por lá e realmente foi uma das experiências mais assustadoras e intensas que já vivenciei. Talvez este seja o lugar mais terrível que devemos visitar ao menos uma vez na vida.

Ficam aí as fotos!

3 comentários:

Paulo Z. disse...

O blog da Nana também é cultura! E você escreve super bem, sabia? =D

Pobre polônia =(


Ei, e as fotos? Cê não postou elas =P

Beijos... e espero que você esteja aproveitando Parriiiiiiiii!!

Beijão:

Unknown disse...

Bem, esse blog merece uma mudança de nome: "Eu, os velhinhos e a Europa em fase de construção after the blue screen of death from windows".

Bem, a Polônia é tão miserável assim que não tem nem como atualizar esse blog? To me sentindo rico nesta pobre República das Bananas.

Bem, nunca antes neste país tivemos um blog tão completo com informações históricas, apesar das péssimas fotos.

Continue com o bom trabalho informativo.

Melômano disse...

HAHAHA. Foi só botar as patinhas na França que esqueceu de blog, de amigos, de tudo! Deve estar, a uma hora dessas, caída numa praça qualquer, abraçada com uma garrafona de espumante de 1.ª (classe, sempre). Jésus, quero essa vida também. =/
Saudades, Teca.
Mil beijos! =D